Mais pobre levaria 9 gerações para atingir renda média do país, diz estudo
Imagem: Getty Images

Um relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial aponta que o Brasil ocupa o 60° lugar entre 82 países em um ranking que mede o índice de mobilidade social, ou seja, o quanto uma pessoa que nasce em determinadas condições socioeconômicas tem chances de melhorar essa posição ao longo da vida.

 

Aqui, um brasileiro nascido no menor patamar de renda levaria nove gerações para chegar à renda média do país. Na Dinamarca, essa ascensão social demoraria só duas gerações.

O ranking de mobilidade é liderado pela Dinamarca, seguida de Noruega e Finlândia. A Costa do Marfim está na última colocação. Na América do Sul, o Brasil está atrás de Uruguai (35°), Chile (47°) e Equador (57°). Já Colômbia (65°), Peru (66°) e Paraguai (69°) vêm atrás.

O Fórum aponta a baixa mobilidade social como “causa e consequência do aumento das desigualdades e diz que ela prejudica o crescimento econômico e a coesão social.

País é um dos piores em aprendizagem

Para chegar ao índice, o relatório analisa dez itens em cinco áreas: saúde, educação, tecnologia, trabalho e proteção social.

O Brasil tem um dos piores resultados para o item aprendizagem ao longo da vida, ocupando a 80° posição, a antepenúltima do ranking. Só ganha da Geórgia e do Bangladesh.

Posição do Brasil em cada componente do ranking geral:

Aprendizagem ao longo da vida: 80ª
Instituições inclusivas: 74ª
Oportunidade de trabalho: 69ª
Qualidade e equidade da educação: 65ª
• Distribuição justa de salário: 64ª
Saúde: 60ª
Acesso à educação: 57ª
Acesso à tecnologia: 55ª
Condições de trabalho: 39ª
Proteção social: 38ª

O relatório aponta que o Brasil se destaca negativamente por um alto índice de crianças que, aos dez anos, não atingiram o nivel minimo de educação. Ele recomenda que o pais reduza a proporção de alunos por professor.

O documento também sugere que melhorar as oportunidades de aprendizagem ao longo da vida pode ajudar o pais a reduzir os níveis de
desemprego. Diz também que “esforços adicionais poderiam ser feitos para diminuir os niveis de desemprego entre os trabalhadores com educação básica (15,3%) e intermediária (14,1%)”.

Mais mobilidade social, mais crescimento econômico

Para o fórum a falta de mobilidade social “é um grande problema, não apenas para o individuo, mas também para a sociedade e a economia” porque “o capital humano é a força motriz do crescimento econômico”.

“A fraca mobilidade social, aliada a desigualdade de oportunidades, sustenta os atritos, sugerindo que, se o nível de mobilidade social
fosse aumentado, pode atuar como uma alavanca do crescimento econômico.”
Relatório da Fórum Econômico Mundial

O relatório diz que poucos países têm, hoje, condições de promover mobilidade social e diminuir a desigualdade. “Em média, nas principais
economias desenvolvidas e em desenvolvimento, os 10% mais ricos recebem quase 3,5 vezes a renda dos 40% mais pobres”, aponta.

Se os países do ranking aumentassem o índice de mobilidade social em dez pontos, diz o texto, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial teria um crescimento adicional de 4,41% até 2030, além de vastos benefícios sociais.

Fonte: UOL

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
22/01/2020 12h30

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