Monteiro Lobato e Chico Buarque

Hoje vamos falar um pouco de Monteiro Lobato e Chico Buarque.

O célebre escritor, Monteiro Lobato, representa o instante da maturidade da literatura infantil brasileira.

Ele eternizou um pequeno sítio, o Sítio do Pica-pau Amarelo, como o espaço privilegiado da imaginação e do sonho para muitas crianças do século XX aos dias atuais. Em uma magnífica fusão de lendas brasileiras e elementos da cultura ocidental e oriental, fez disso resultar um inusitado encontro entre Sacis e Minotauros.

Além disso, também foi inovador quando trouxe para a criança de seu tempo, uma época de guerras mundiais, o esclarecimento, contado de um jeito adequado ao pequeno mundo infantil, sobre temas, até então tidos como desnecessários aos infantes, como guerra, amor, ódio, paz, soberania. Ninguém hoje ousaria dizer que esse pioneirismo não foi notável. Forja-se na infância o futuro do adulto.

Como diria Machado de Assis, em seu “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “o menino é o pai do homem”. E a literatura infantil e seu diálogo com o mundo da criança é, portanto, decisivo para a preparação dos pequenos rumo ao futuro.

Depois de Monteiro Lobato, o caminho frutífero abriu-se à literatura infantil brasileira. Grandes nomes, como Ana Maria Machado, Maria Clara Machado, Lygia Bojunga Nunes, Marina Colasanti, dentre outros, que fizeram e fazem da literatura infantil brasileira uma das maiores e mais qualificadas do mundo.

Neste artigo vamos homenagear uma obra em especial, “Os Saltimbancos”, de Chico Buarque, do ano de 1977.

Uma genial tradução e adaptação feita da obra italiana “I Musicanti” de Sérgio Bardotti e Luis Henriquez Bacalov, que, por sua vez, era uma adaptação do conto-de- fada “Os Músicos de Bremen”.

O musical infantil, na adaptação de Chico Buarque, recria um mundo dentro de um país, que, naquela década de 70, estava vivenciando uma ditadura civil-militar.

Quatro animais que, fugindo de seus donos opressores, encontram-se para dividirem suas aflições e juntarem “um bico, com dez unhas, quatro patas e trinta dentes e ver o valente dos valentes que ainda vai te respeitar”. Uma galinha, uma gata, um jumento e um cachorro, que nesta versão, em uma inusitada metáfora, representa todo um povo oprimido.

A galinha, já velha e cansada, é expulsa da granja em que trabalhou toda uma vida e sem nada e sem direitos, apenas como “um bico a mais, que não faz mais feliz, a grande gaiola do meu país”.

A gata, magnífica cantora, aclamada pelos companheiros saltimbancos como a verdadeira artista do grupo, e autêntica em reconhecer que “nós, gatos, já nascemos pobres, porém já nascemos livres”, mas, em um mundo não-livre, ficou sem lugar para cantar e ser feliz.

O jumento, trabalhador incansável, desde cedo no eito, e por isso não pestanejava em dizer que “jumento não é, jumento não é o grande malandro da praça, trabalha e trabalha de graça, nem nome não tem, não agrada a ninguém, é manso e não faz pirraça, mas quando a carcaça ameaça a rachar, que coices, que coices, que coices que dá”.

É o trabalhador com limite para sua passividade. E o cachorro, pobre coitado servil, com sempre “fidelidade à minha farda, sempre na guarda do seu portão, fidelidade à minha fome, sempre mordomo e cada vez mais cão”.

As baixas patentes que nem sempre são respaldadas, ainda que em regimes de exceção. Quanto animaizinhos, oprimidos, revoltados, dispostos a, enfim, serem livres e serem felizes.

Na inesquecível saga desses representantes de todos nós, vemo-los lutarem por um lugar neste mundo, neste país. Em busca de uma cidade ideal, que, em suas utópicas.

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